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Dólar cai a R$ 4,85 e já acumula queda de 9% em junho com exterior positivo

Arquivo/Cidadeverde.com

O dólar teve o terceiro dia seguido de queda e já acumula desvalorização de 19% desde que atingiu a máxima histórica intradia, R$ 5,97, há pouco menos de um mês, em 14 de maio. Só em junho, o dólar já caiu 9%. A valorização do real continua sendo puxada pelo cenário externo favorável, com a visão de que a recuperação da economia será mais rápida nos Estados Unidos e regiões da Europa, e uma melhora do ambiente político doméstico. Em meio à liquidez em excesso nos países desenvolvidos, a avaliação mais otimista dos investidores sobre a retomada da economia estimula a busca por ativos de risco e a desmontagem de posições contra o real no mercado futuro. O dólar à vista fechou em queda de 2,73%, cotado em R$ 4,8544, menor valor desde 13 de março. No mercado futuro, o dólar para julho era negociado em R$ 4,84 às 17h40.

Prosseguem os relatos de entrada de capital externo no Brasil, para aplicações em Bolsa, que na tarde de hoje superou os 97 mil pontos, engatando a sétima alta consecutiva. Na mínima do dia, o dólar caiu a R$ 4,84.

Nesse ambiente de busca por retorno, os ativos da América Latina, especialmente os do Brasil e México, que haviam piorado mais que outras regiões do planeta, agora se recuperam, avalia o economista-chefe para mercados emergentes da consultoria inglesa Capital Economics, William Jackson. “A melhora no apetite por risco no mercado mundial beneficiou os mercados da América Latina mais que outras regiões.” Apesar da alta dos ativos locais, Jackson ressalta que os recentes indicadores da atividade econômica no Brasil e nos demais países da América Latina ainda estão ruins e os casos de coronavírus seguem em expansão na região.

No exterior, o dólar teve novo dia de queda ante divisas fortes e a maioria dos emergentes, ainda ecoando o relatório de emprego da economia americana divulgados na sexta-feira, que mostrou criação de 2,5 milhões de vagas em maio enquanto se esperava fechamento de 8 milhões. “Foi uma completa surpresa”, escrevem hoje os analistas do banco suíço Julius Baer, ressaltando que o documento sinaliza que os EUA já passaram pelo fundo do poço da crise.

Mesmo com o rali dos últimos dias, o dólar ainda acumula alta de 21% ante o real em 2020, com a moeda brasileira liderando o posto de pior desempenho. O chefe de mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, ressalta que o dólar devolveu um pouco nos últimos dias do excesso da alta de maio, ajudado por um cenário externo positivo e ausência de notícias ruins no mundo político. Ele observa que a aproximação de Jair Bolsonaro com os partidos do Centrão ajuda a melhorar a perspectiva de governabilidade e avanço de reformas e que a reabertura das atividades em São Paulo pode ajudar para o dólar seguir em queda.

Por Altamiro Silva Junior
Estadão Conteúdo

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