A Câmara Federal apresentou um Projeto de Lei para reduzir a remuneração dos ocupantes de cargos públicos da administração direta, autárquica e fundacional da União enquanto durar o estado de calamidade pública, publicada no último dia 20, e que se estende até o final deste ano.
O projeto sugere descontos escalonados de acordo com a remuneração do servidor. A redução seria de 10% para os agentes que percebam remuneração ou subsídio superior a R$ 5 mil e inferior a R$ 10 mil. E, ainda, redução mínima de 20% – e máxima de 50% – para quem recebe acima de R$ 10 mil. Ficam excluídos da redução apenas os servidores com atuação nas áreas de saúde e de segurança pública que estejam prestando serviço efetivo durante o estado de calamidade pública.
Os servidores, profissionais que estudaram, passaram em concurso público e trabalham para que este país funcione, independente das trapalhadas dos comandantes dos três poderes da República, acabam sempre pagando a conta, como se não bastasse o que já pagam exorbitantemente em forma de tributos.
Os parlamentares, autores da proposta, têm como driblar a redução nos próprios vencimentos. Eles possuem uma série de penduricalhos, que vão de auxílio paletó até auxílio moradia, mesmo que possuam residência própria no município onde trabalham. Por que então não propor a retirada de privilégios sem razão de existir? Por que não reduzir o número de assessores, muitas vezes fantasmas, a que cada deputado ou senador tem direito? E um sem número de auxílios que fazem engordar a renda mensal dos ocupantes do Congresso?
Também não vi, até agora, qualquer menção que atinja os bancos, esses, sim, detentores de fortunas obtidas com taxas e juros extorsivos de uma população já tão penalizada com impostos e taxas de toda ordem. Só para ilustrar, em meio a maior recessão já sofrida pelo Brasil nas últimas décadas, os quatro maiores bancos do país lucraram em média 18% no ano passado. O Itaú, por exemplo, teve lucro de R$ 26,583 bilhões. O Bradesco, de R$ 22,6 bilhões. Por que os assalariados e não os banqueiros terão de ser sacrificados mais uma vez?
Por Cláudia Brandão – Cidade Verde
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