Falta de profissionais, disciplinas descobertas e incertezas. É essa a situação em que se encontra a Universidade Estadual do Piauí (Uespi), segundo o sindicato representante dos professores da instituição. A categoria se reuniu na manhã de hoje (16) para deliberar a respeito da última reunião feita com o governo e expor a realidade de quem trabalhe e estuda na universidade.
A diretoria da Associação dos Docentes da Uespi (ADCESP) é taxativa: 600disciplinas ofertadas atualmente pela instituição não possuem professor para ministra-las e estão descobertas. Faltam cerca de 220 profissionais para assumir estas matérias e a situação se agrava mais nos campi do interior do Estado.
“Os polos que estão com a situação mais delicadas são os de São Raimundo Nonato. É de conhecimento geral que lá o curso de Geografia só tem dois professores para atender a toda a comunidade acadêmica. Bom Jesus também disse que a situação é grave no curso de Pedagogia. Temos o curso de Jornalismo de Picos que também está com muitos problemas. É toda a Uespi que está numa situação grave”, pontua a coordenadora geral da ADCESP, Rosângela Moura.
Rosângela Moura, diretora da ADCESP – Foto: Lalesca Setúbal
Para tentar chegar a denominador comum e apresentar soluções para o problema da falta de professores, os docentes da Uespi se reuniram recentemente com representantes do Governo, mas o encontro não levou a nenhuma definição. As propostas apresentadas pelo Estado, segundo os profissionais, geraram revolta.
O governo descartou, no momento, a possibilidade de fazer concurso para professor efetivo, alegando estar no limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. A solução encontrada foi realizar um seletivo para professor provisório. Paralelo a isso, se propôs o aumento da carga horária dos profissionais em atuação. A medida, segundo a ADCESP, foi um “golpe” contra a categoria.
“Foi um golpe contra nós, porque os professores que aqui estão já estão assoberbados de atividades. Querem que a universidade aumente nossa carga horária para reduzir o número de disciplinas descobertas e, assim, eles poderem chamar um número menor de profissionais no seletivo provisório”, explicou Lucineide Barros, professora da Uespi.
Lucineide Barros é professora efetiva a Uespi e explica a situação da instituição – Foto: Lalesca Setúbal
Incertezas e frustração
A falta de professores na Uespi e a quantidade de disciplinas descobertas acaba por gerar frustrações e incertezas para os principais interessados: os estudantes. Em conversa com a reportagem de O Dia eles falaram em dificuldade de desenvolvimento acadêmico e falta de perspectiva. Foi o que pontuou o Isac Bruno, estudante do segundo período de Química em Teresina.
“Está faltando dois professores no meu curso, mas eu não quero desistir. O problema é que muitas pessoas acabam desistindo e isso acaba por dificuldade nosso coeficiente acadêmico. Atrapalha demais nosso rendimento acadêmico e profissional”, disse.
Foto: Lalesca Setúbal/O Dia
O mesmo foi destacado pela aluna Jacqueline Rodrigues, também do segundo período de Química em Teresina. Para ela, as perspectivas não são das melhores há incerteza da formação profissional.
“Eu moro na zona Sul, venho pra cá e não tem professor, Tem amigos meus que moram em José de Freitas e vêm só pra estudar, mas quando chega aqui, não tem aula. A gente fica sem saber o que fazer e isso desanima a gente. Sem contar que as disciplinas que não são ministradas constam no nosso histórico como reprovação e a gente fica pensando se vai conseguir terminar esse curso de verdade”, finaliza.
Fonte: O Dia
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